ANAIS DO 3º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM SINDIV -RJ

January 18, 2017 | Author: Salvador Vilalobos Sintra | Category: N/A
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2013 ANAIS DO 3º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM SINDIV -RJ

Organizado pela ADIV-RJ - Associação de Diagnóstico por Imagem do Estado do Rio de Janeiro http://www.adiv-rj.com.br/ Facebook Adiv-rj Adiv 23/11/2013

SUMÁRIO 1. ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E ULTRASSONOGRÁFICOS DE COLELITIASES EM CÃO ADULTO – RELATO DE CASO ..................3 2. ASPECTOS ULTRASSONGRÁFICOS DE SIALOCELE RETROBULBAR EM CÃO: RELATO DE UM CASO .............................................5 3. ESTUDO DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DA VESÍCULA URINÁRIA DE CÃES E GATOS NA ROTINA ULTRASSONOGRÁFICA DO HOSPITAL DA UFRRJ – RESULTADOS PRELIMINARES ..................................................................................................................................7 4. ULTRASSONOGRAFIA COMO FERRAMENTA NO DIAGNÓSTICO DE TORÇÃO ESPLÊNICA PRIMÁRIA: RELATO DE CASO .......10 5. CONTRIBUIÇÃO DA BIÓPSIA ASPIRATIVA GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE PANCREATITE CRÔNICA EM CÃO: RELATO DE CASO ....................................................................................................................................................................13 6. LEVANTAMENTO DE EXAMES DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARA ANÁLISE ONCOLÓGICA NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFRRJ .......................................................................................................................................................................................................................15 7. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA E ULTRASSONOGRÁFICA DE COLITE CAUSADA POR PYTHIUM INSIDIOSUM EM CÃO ..............18 8. AVALIAÇÃO DA OBESIDADE EM CÃES: CORRELAÇÃO ENTRE MENSURAÇÕES ULTRAS-SONOGRÁFICAS DE GORDURA CORPÓREA E O ESCORE VISUAL DE CONDIÇÃO CORPORAL ...........................................................................................................................21 9. COLABORAÇÃO DA ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE LINFONODOS CAVITÁRIOS: RELATO DE CASO DE LINFANGIECTASIA EM LINFONODO DE CÃO .......................................................................................................................................................24 10. CONTRIBUIÇÃO DA ULTRASSONOGRAFIA COMO MÉTODO AUXILIAR À RADIOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE OSTEOCONDRITE DISSECANTE EM UM DOGUE ALEMÃO ................................................................................................................................27 11. ASPECTO ULTRASSONOGRÁFICO DE EFUSÃO RETROPERITONEAL 2ARIA A CISTOCENTESE EM UM CÃO: RELATO ................ 30 12. UTILIZAÇÃO DA ECOCARDIOGRAFIA CONTRASTADA TRANSCIRÚRGICA EM SHUNTS PORTOSSISTÊMICOS EXTRAHEPÁTICOS EM CÃES – RELATOS DE CASOS ..........................................................................................................................................33 13. INTUSSUSCEPÇÃO UTERINA EM CADELA - RELATO DE CASO ................................................................................................................35 14. USO DA ULTRASSONOGRAFIA PARA DIAGNÓSTICO DE LINFOMA EM EQUINO: RELATO DE CASO .............................................37 15. AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE ÚLCERA GÁSTRICA EM MINI HORSE – RELATO DE CASO .............................................39 16. CARACT. ANATÔMICAS E ECOGÊNICAS DO ÚTERO E DO CORPO LÚTEO DE RECEPTORAS DE EMBRIÃO BOVINO .................42 17. DIAGNÓSTICO ULTRASSONGRÁFICO DE ABSCESSO EM ÚRACO PERSISTENTE DE UM BOVINO: RELATO DE CASO ...............43 18. NEOPLASIAS DO SISTEMA UROGENITAL EM UM SCOTTISH TERRIER:CONTRIBUIÇÃO DOS MÉTODOS DE IMAGEM PARA O DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO ...........................................................................................................................................................................46 19. ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E ULTRASSONOGRÁFICOS DO HIPOADRENOCORTICISMO EM UM CÃO: RELATO DE CASO .....48 20. EFUSÃO PERICÁRDICA SECUNDÁRIA À HEMANGIOSSARCOMA EM ÁTRIO DIREITO DE CÃO ...................................................... 51 21. RUPTURA DE LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL EM URSO MARROM (Ursus arctos): RELATO DE CASO ........................................54 22. FRATURA EM SEGUIMENTO LOMBAR DA COLUNA VERTEBRAL EM UM TATU-GALINHA (Dasypus novemcinctus) .................... 57 23. ASPECTOS RADIOGRÁFICOS DE MEGAESÔFAGO EM UM OVINO ........................................................................................................... 59 24. PNEUMONIA ASPIRATIVA EM VEADO CATINGUERO (MAZAMA GOUAZOUBIRA) – RELATO DE CASO ...................................... 61 25. HÉRNIA DE HIATO E MEGAESÔFAGO ASSOCIADOS À LEIOMIOSSARCOMA DE CÁRDIA GÁSTRICA EM UM CÃO SHAR-PEI .63 26. HIPERPARATIREOIDISMO NUTRICIONAL SECUNDÁRIO EM FELINO – RELATO DE CASO.................................................................66 27. HÉRNIA DE HIATO EM CÃO – RELATO DE CASO ..........................................................................................................................................69 28. AGENESIA DE RÁDIO EM UM CÃO – RELATO DE CASO .............................................................................................................................73 29. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS RADIOGRÁFICOS CARDÍACOS NORMAIS EM COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA...75 30. DIAGNÓSTICO DE RUPTURA ABDOMINAL TRAUMÁTICA EM FELINO POR CELIOGRAFIA – RELATO DE CASO ........................78 31. DILATAÇÃO-TORÇÃO GÁSTRICA CRÔNICA EM UM CÃO – RELATO DE CASO ....................................................................................81 32. PNEUMOPERITÔNIO CAUSADO POR PERFURAÇÃO GÁSTRICA EM UM GATO – RELATO DE CASO ...............................................84 33. PELVIMETRIA DE CUTIAS (Dasyprocta prymnolopha) CRIADAS EM CATIVEIRO ......................................................................................86 34. ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E ULTRASSONOGRÁFICOS DA DISCOESPONDILITE EM OVINO: RELATO DE CASO .....................89 35. MIELOGRAFIA EM PEQUENOS RUMINANTES .............................................................................................................................................. 95 36. ASPECTOS RADIOGRAFICOS DA SUBLUXAÇÃO DA ARTICULAÇÃO INTERFALANGEANA DISTAL APÓS NEURECTOMIA DIGITAL PALMAR EM EQUINOS – RELATO DE CASO ................................................................................................................................96 37. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NO AUXÍLIO DIAGNÓSTICO DE NEOPLASIA MALIGNA DE NERVO TRIGÊMIO EM UM CÃO – RELATO DE CASO .................................................................................................................................................................................. 99 38. ULTRASSONOGRAFIA, RADIOGRAFIA E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NO AUXILIO DIAGNÓSTICO DE TIMOMA EM UM CÃO: RELATO DE CASO ...........................................................................................................................................................................102 39. TUMOR DE BAINHA DE NERVO TRIGÊMEO EM DACHSHUND ............................................................................................................... 105 40. AVALIAÇÃO ANATÔMICA DA CABEÇA DO PAPAGAIO-VERDADEIRO (Amazona aestiva) POR TC ..................................................108 41. ESTUDO TOMOGRÁFICO DOS VENTRÍCULOS CEREBRAIS DE GATOS DOMÉSTICOS: DIFERENÇAS ENTRE O SEXO .............. 111 42. LEVANTAMENTO DOS EXAMES DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA REALIZADOS NO PRIMEIRO ANO DE FUNCIONAMENTO DE UM CENTRO DE DIAGNÓSTICO EM SÃO PAULO............................................................................................ 113 43. ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS RESULTADOS DOS EXAMES DE ULTRASSONOGRAFIA E TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA EM CÃES COM FORMAÇÕES ABDOMINAIS ......................................................................................................116 44. CONTRIBUIÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NO ESTADIAMENTO E PLANEJAMENTO CIRÚRGICO DE TUMORES PERINEAIS MALIGNOS EM CÃO ................................................................................................................................................................... 116 45. DISPLASIA DO COTOVELO – INCONGRUÊNCIA RADIOULNAR ............................................................................................................. 119 46. AVALIAÇÃO DE SHUNT PORTOSSINTÊMICO CONGÊNITO EXTRA-HEPÁTICO EM UM GATO PELA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA – RELATO DE CASO................................................................................................................................................. 121 47. ASPECTOS TOMOGRÁFICOS DE TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL NASAL EM CÃO – RELATO DE CASO ............................. 124 48. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NA AVALIAÇÃO DE FRATURA MANDIBULAR EM VEADO-CATINGU EIRO (Mazama goauzoubira) – RELATO DE CASO ................................................................................................................................................................... 126 49. USO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA NA AVALIAÇÃO DO PARÊNQUIMA PULMONAR DE CINCO ESPÉCIES DE TESTUDINES BRASILEIROS CRIADOS EM CATIVEIRO ........................................................................................................................... 129 50. CONTRIBUIÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA PARA O DIAGNÓSTICO DA DESMITE DO LIGAMENTO INTERSESAMOIDEO E SESAMOIDEO DISTAL EM EQUINOS ................................................................................................................. 131 51. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NA AVALIAÇÃO DE LESÃO MEDULAR EM CORUJA SUINDARA (Tyto alba) – RELATO................132 52. MENSURAÇÃO DA ADESÃO INTERTALÂMICA DE GATOS DOMÉSTICOS HÍGIDOS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ............135 53. A IMPORTÂNCIA DA ENDOSCOPIA NO DIAGNÓSTICO DE LINFANGIECTASIA EM CÃES – RELATO ........................................... 137

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1. ASPECTOS RADIOGRÁFICOS E ULTRASSONOGRÁFICOS DE COLELITIASES EM CÃO ADULTO – RELATO DE CASO. LIVIA PASINI DE SOUZA1; HELENA MONDARDO CARDOSO2; ELOISA CARLA BACH3; THIAGO RINALDI MULLER4; PAULO EDUARDO FERIAN5; AURY NUNES DE MORAES5; NILSON OLESCOVICZ5 Doutoranda em Ciência Animal da Universidade do Estado de Santa Catarina – CAV/ UDESC. Contato:[email protected] Profª. Colaboradora e Mestranda em Ciência Animal da Universidade do Estado de Santa Catarina – CAV / UDESC. 3 Mestranda em Ciência Animal da Universidade do Estado de Santa Catarina – CAV / UDESC 4 Prof. Dr. Colaborador do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina – CAV / UDESC. 5 Prof. Dr. do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina – CAV / UDESC. 1 2

ABSTRACT SOUZA, L.P.; CARDOSO, H.M.; BACH, E.C.; MULLER, T.R.; FERIAN, P.E.; MORAES, A.N.; OLESCOVICZ, N. Radiographic and Ultrasonographic Aspects of Colelithiasis in Adult Dog – Case Report The colelithiasis in dogs are considered rare and usually are not associated with obvious clinical signs, but this disease can lead to important changes secondary to obstruction of the biliary tract. Are usually considered an incidental finding on radiography and ultrasound examination. We describe two cases of patients received at Veterinary Hospital Clinic of the University of the State of Santa Catarina for a routine where they were diagnosed radiographically with mineralization in the region of the biliary tract. One of the two patients underwent ultrasound assessment conformed to the initial suspicion and pointed another finding as biliary sludge. These changes are described as imaging findings, but monitoring should be performed in order to diagnose possible secondary changes. KEYWORDS: gallbladder, colelithiasis, ultrasound. INTRODUÇÃO O sistema biliar é similar em cães e gatos constituindo-se pela vesícula biliar, ducto cístico, ducto biliar comum, ducto hepático, ductos inter e intralobulares e canalículos hepáticos 2, 3. A vesícula biliar está anexa ao fígado, localizada à direita da linha media na porção ventrodorsal 4 dentro de uma fossa entre o lobo hepático medial e o lobo quadrado 2. Tal estrutura é unida ao ducto biliar comum pelo ducto cístico, que se estende do pescoço da vesícula biliar até a sua junção com o primeiro ducto hepático 2. O ducto biliar comum em cães abre perto do menor dos dois ductos pancreáticos, na altura da papila duodenal maior. O ducto pancreático maior abre a alguns centímetros distais2. Dentre as alterações do trato biliar, as mais comumente investigadas são a obstrução extra-hepatica por cálculos biliares e/ou estenose ductal, as colelitiases em geral e massas associadas à doença inflamatória ou neoplásica da vesícula e do trato biliar 2,5,6. A investigação do trato biliar geralmente é realizada frente ao reconhecimento do aumento da atividade enzimática, especialmente da fosfatase alcalina, ou em casos de hiperbilirrubinemia. Animais que apresentam obstrução completa do trato biliar, colecistite necrozante, coleducocistite ou peritonite biliar séptica são geralmente sintomáticos2. Entretanto, as alterações do trato biliar são, por muitas vezes, achados de exames auxiliares, pois dificilmente implicam em sinais clínicos identificáveis6. Exames complementares de diagnóstico por imagem são usualmente recomendados para investigação do trato biliar. Radiografias abdominais possuem limitações no auxilio diagnóstico de desordens deste sistema 2, devido ao contorno com os tecidos moles hepáticos4. Contudo, alguns casos de colelitíase e/ou coleducolitíase contém quantidade suficiente de cálcio para ser radiograficamente identificados 2. Tais mineralizações envolvendo o trato biliar podem ser achados incidentais em cães4. Colelitiases são consideradas em casos de opacificação mineral focal em região de vesícula biliar, já traçados lineares de radiopacidade mineral estendido perifericamente podem sugerir coleducolitiases 4. O exame ultrassonográfico se tornou uma ferramenta essencial para avaliação do fígado e sistema biliar. Em condições normais a vesícula biliar apresenta-se como uma estrutura circular a oval, preenchida por conteúdo predominantemente anecóico e com paredes pobremente visibilizadas como uma fina linha ecogênica2, 3,5 medindo menos de 2-3mm de espessura em cães5. Pode variar consideravelmente de tamanho de acordo com o tempo de jejum alimentar 3,5. Uma discreta quantidade de conteúdo ecogênico não formadora de sombra acústica posterior no interior da vesícula biliar, pode ser considerado um achado normal 1,5 de cães em jejum ou anoréxicos2. Este conteúdo é conhecido como lama biliar e tem por definição a suspensão de partículas sólidas ou semisolidas no fluido biliar que pode ser ou não viscoso1. Da árvore biliar, os canalículos e os ductos biliares intrahepáticos não são visibilizados ultrassonograficamente em condições normais 3,5. O ducto cístico é frequentemente observado na saída da vesícula biliar como uma estrutura tubular anecóica conectando a mesma ao ducto biliar comum2,3,5. Alguns centímetros antes de se conectar ao duodeno o ducto biliar comum é vizibilizado paralelamente a veia porta3 medindo até 3mm de largura em cães normais8. Anais do 3º Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem – SINDIV 2013

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Frente a grande quantidade de casos clinicamente assintomáticos de animais submetidos a exames complementares e diagnosticados com alterações do trato biliar, este estudo tem por objetivo exaltar a importância do diagnóstico por imagem no estudo das estruturas biliares e descrever seus aspectos na imagem radiográfica e ultrassonográfica. METODOLOGIA Foi realizado no Hospital de Clinica Veterinária da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESCCAV) o atendimento de dois cães, do sexo feminino, sendo a primeira da raça Yorkshire, de 10 anos de idade e a segunda da raça Poodle de 13 anos de idade apenas para uma consulta de rotina devido à idade das mesmas. Ambas apresentavam bom estado geral, sem alterações hematológicas e bioquímicas. As pacientes foram encaminhadas ao setor de diagnóstico por imagem para a realização de um exame radiográfico de tórax, no qual foi observado em ambos os casos uma alteração sobreposta à silhueta hepática nas projeções lateral direita e ventrodorsal. Foi indicado o exame ultrassonográfico da região abdominal, porém somente o proprietário da segunda paciente autorizou o procedimento. Para esta região o paciente foi acomodado em decúbito lateral esquerdo e a vizibilização foi realizada em uma abordagem lateral direita intercostal e ventral subcostal. O exame foi realizado com uma probe linear multifrequencial de 4 a 13 MHz, conectada ao aparelho ultrassonográfico da marca ESAOTE®, modelo My Lab 30 Vet Gold. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi observada nas imagens radiográficas a presença de estruturas lineares de radiopacidade mineral em abdômen cranial, sobrepostas à região de silhueta hepática em ambas as projeções, sugestivas de mineralizações do trato biliar (Figura 1 e 2). A segunda paciente foi então encaminhada para a realização do exame ultrassonográfico abdominal onde se observou a vesícula biliar de repleção moderada com conteúdo heterogêneo, anecóico com áreas ecogênicas de margens definidas em seu interior, sugestivas de lama biliar. Ao se examinar as vias biliares pôde-se notar a presença de imagens ecogênicas lineares, de tamanhos variados, formadoras de sombra acústica posterior sugestivas de microlitíases ou fibrose das vias biliares, sem sinais de dilatação no momento do exame. O fígado apresentou-se de aspecto habitual, porém com discreto aumento de suas dimensões. Foi sugerido acompanhamento ultrassonográfico. A lama biliar em cães é um achado ultrassonográfico comum e pode ser considerada sem valor diagnóstico1. Já as colelitíases em cães são consideradas raras e habitualmente não estão associadas a sinais clínicos evidentes7. Em ambos os casos os animais apresentavam um bom estado geral sem alterações nos exame laboratoriais hematológicos e bioquímicos mesmo com uma extensa áreas de mineralização do trato biliar, sem sinais evidente de tais imagens na vesícula biliar, segundo o exame ultrassonográfico, o que corrobora com as informações encontradas na literatura. Entretanto uma investigação ultrassonográfica de todo o trato biliar e região hepática é indicada para descartar outras afecções1,2,7. Cabe ressaltar que o exame radiográfico foi importante para a vizibilização das estruturas radiopacas na região hepática, porém a associação com o exame ultrassonográfico no caso da segunda paciente foi fundamental para a confirmação do diagnóstico de mineralizações ductais e lama biliar sem alterações secundárias como obstrução ou hepatopatia.

FIGURA 1: Imagens radiográfica em projeção lateral direita (A,C) e ventrodorsal (B,D). Imagens A e B correspondem a primeira paciente e Imagens C e D correspondem a segunda paciente. Nota-se estruturas lineares de radipacidade mineral sobrepostas a região hepática (setas vermelhas). Fonte: Ferian, 2013.

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FIGURA 2: Sonograma abdominal da segunda paciente. A. Imagens ecogênicas formadoras de sombra acústica posterior (setas vermelhas) em região de ductos biliares intrahepáticos. B. Imagem ecogenicca dos artefatos de reverberação (setas brancas) e vesicula biliar de conteúdo anecóico com discreta quantidade de conteúdo ecogenico não formador de sombra acustica. Fonte: Souza, 2013.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brömel C.; Barthez P.Y.; Léveillé R.; Scrivani P.V. Vet Radiol Ultrasound. 39 (3): 206-210, 1998. 2. Center SA. Vet Clin North Am Small Anim Pract. 39(3): 543-98, 2009. 3. D’Anjou M.A. In:______Penninck D.; D’Anjou M.A. Atlas of Small Animal Ultrasonography. Iowa: Blackwell Publishing, 2008, p.217 – 262. 4. Larson M.M. In:______Thrall D.E. Diagnóstico de Radiologia Veterinária. 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p. 667-692. 5. Nyland T.G.; Matoon J.S.; Herrgesell E.J.; Wisner E.R. In:______Nyland T.G.; Matoon J.S. Ultra-som diagnostic em pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca, 2004, p.95- 127. 6. Salomão M.C.; Oliveira I.N.; Araujo I.M.G.; Junior, A.N. Vet e Zootec.19 (1): 104-106, 2012. 7. Slatter D. In:______ Slatter D. Manual de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1998, p.783–798. 8. Zeman R.K.; Taylor K.J.; Rosenfield A.T.; Schwartz A. Gold J.A. Acute. Am J Roentgenol. 139: 965-967, 1981.

2. ASPECTOS ULTRASSONGRÁFICOS DE SIALOCELE RETROBULBAR EM CÃO: RELATO DE UM CASO ANA PAULA ARAUJO COSTA1 ; PATRÍCIA DE OLIVEIRA NUNES2; NATHÁLIA APARECIDA DE PAULA2; ALINE MARIA VASCONCELOS LIMA3 123-

Doutoranda em Ciência Animal, Bolsista CNPq, EVZ-UFG, e-mail: [email protected] Alunas do Programa de Residência Medico-Veterinária, Diagnóstico por Imagem, EVZ-UFG Professora Doutora Substituta do DMV, EVZ/UFG

ABSTRACT COSTA A.P.A.; NUNES P.O.; DE PAULA N.A.; LIMA A.M.V. Ultrasonographic aspects of retrobulbar sialocoele in dog: a case report. Sialocoeles or mucoceles are the most common diseases of the salivary glands and develop secondary to extravasation of saliva into the subcutaneous tissue. This summary aims to describe the sonographic features of a case of zygomatic sialocoele in a dog, referred to the ophthalmology service with signs indicative of retrobulbar disease. The ocular ultrasound revealed the presence of a structure with hyperechoic wall with predominantly anechoic content with hyperechoic dots suspended in the retrobulbar space, and the nature of the salivary contente was confirmed after aspiration and cytological analysis of this. The ocular ultrasonography proved of great

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value in this case since, although it has not clarified the nature of the content, it managed to set up the cistic nature of the structure and ruled out eyeball commitment. KEYWORDS: ocular ultrasound, retrobulbar disease, mucocele INTRODUÇÃO A ultrassonografia ocular é indicada para avaliação de animais que apresentem opacidades oculares que impeçam o exame oftalmoscópico tradicional e para avaliação de pacientes com sinais de doenças retrobulbares, como exoftalmia. A maioria das alterações retrobulbares, tais como abscesso e neoplasia, apresentam composição mais heterogênea que o tecido orbital normal, e caso sejam grande o bastante para induzir sinais clínicos, podem ser facilmente detectadas aos exame ultrassonográfico 1. Sialoceles ou mucoceles são as doenças mais comuns das glândulas salivares e estão predominantemente associadas as glândulas sublinguas e mais raramente as zigmáticas. Essa enfermidade se desenvolve secundariamente ao extravasamento de saliva para o tecido subcutâneo, causando reação inflamatória local e apresentandose clinicamente como massas retrobulbares ou cervicais, dependendo da glândula envolvida. São apontadas como causas de desenvolvimento de sialoceles os traumatismos, corpos estranhos e obstrução do ducto salivar devido a processos infecciosos2. Este resumo teve como objetivo descrever as características ultrassonográficas de um caso de mucocele zigmática retrobubar em um cão. DESCRIÇÃO DO CASO Foi encaminhado ao serviço de oftalmologia do Hospital Veterinário da UFG um cão da raça Pit Bull de 13 anos de idade, apresentando protrusão da terceira pálpebra, exoftalmia e estrabismo divergente em olho direito. Os reflexos oculares, produção lacrimal, pressão intraocular e fundoscopia apresentaram-se dentro dos parâmetros da normalidade. Foi evidenciado, na região temporal e sob o músculo masseter, um aumento de volume de consistência macia e indolor à palpação. Diante da suspeita de alteração retrobulbar, o paciente foi submetido à radiografia de crânio e à ultrassonografia ocular. A radiografia descartou o envolvimento de estruturas ósseas da órbita e de alterações das raízes dentárias. Para a ultrassonografia ocular, foi utilizado um aparelho de ultrassom Logic E (General Eletronics), acoplado a transdutor linear de 13MHz de frequência, lançando-se mão da técnica transcorneal, com uso de colírio anestésico à base de proximetacaína. A ecografia ocular revelou, no espaço retrobulbar do olho direito, presença de estrutura de parede hiperecóica, com conteúdo predominantemente anecóico com pontos hiperecóicos em suspensão, localizado em região temporal de órbita ocular, medindo 1,29cm x 1,28cm, sugerindo presença de estrutura cística. Outra estrutura semelhante foi observada em região nasal da órbita ocular, medindo 0,91cm de largura (Figura 1). A despeito das alterações retrobulbares, o bulbo ocular direito encontrava-se dentro dos padrões de normalidade. A punção aspirativa da tumoração presente sob o músculo masseter possibilitou a colheita de grande quantidade de fluido mucoso, de coloração amarelo claro e inodoro. A análise citológica do fluido revelou presença de grande quantidade de muco, de algumas células epiteliais e células inflamatórias escassas. Diante dos achados clínicos, ultrassonográficos e citológicos, pode-se definir a enfermidade retrobulbar como uma sialocele da glândula zigomática.

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Figura 1: Ecografia ocular evidenciando estruturas de paredes hiperecóicas, com conteúdo predominantemente anecóico com pontos hiperecóicos em suspensão, localizadas em regiões temporal (1) nasal (2) de órbita ocular, deslocando globo ocular (3) lateralmente.

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DISCUSSÃO As sialoceles zigomáticas apresentam-se clinicamente como uma massa periorbital visível e/ou exoftalmia2, tal qual o paciente aqui reportado. Outros casos de mucoceles zigomáticas 3,4,5 e sublinguais6 encontram-se relatados e reportam aspectos ultrassonográficos semelhantes aos encontrados nesse animal quais sejam, presença de estrutura encapsula preenchida por conteúdo anecóico com pontos hiperecóicos em suspensão. Um estudo que apresentou os aspectos clínicos e ultrassonográficos de mucoceles salivares descreveu que, quanto mais crônico o quadro, mais rígido se torna o aumento de volume a palpação e ultrassonográficamente nota-se aumento de ecogenicidade do conteúdo encapsulado, podendo até mesmo apresentar pontos hiperecóicos formadores de sombra acústica posterior 6. Assim sendo, pode-se concluir que o paciente aqui reportado apresentava um quadro mais recente de sialocele zigomática, devido a característica predominantemente anecóica do conteúdo. No entanto vale ressaltar que, o diagnóstico definitivo das mucoceles só é possível após paracentese da região acometida e obtenção de conteúdo aquoso e de consistência viscosa 2,6, assim como encontrado nesse caso. CONCLUSÃO Esse relato de caso ressalta o fato de que, mesmo que as sialoceles zigmáticas não sejam tão frequentes, essas devem ser consideras em animais com sinais de doenças retrobulbares e que a ultrassonografia é uma grande aliada do oftalmologista visto que, embora não consiga esclarecer a natureza do conteúdo, consegue definir que trata-se de uma estrutura encapsula, preenchida por líquido e descarta comprometimento do globo ocular. REFERÊNCIAS 1. DIETRICH, U. M. Ophthalmic Examination and diagnostics. Part 3: diagnostic ultrasonography. In: GELATT, K. N. Veterinary ophthalmology. 4.ed. Gainesville: Blackwell Publishing, 2007, p. 507-519. 2. SMITH, M.M. Oral and salivar gland disorders. In: ETTINGER, S.J; FELDMAN, E.C. Textbook of veterinary internal medicine volume 2. 6. ed. St. Louis, Missouri: Elsevier Saunders; 2010. p. 1290-1297. 3. MASON, D.R.; LAMB, C.R.; MCLELLAN, G.J. Ultrasonographic findings in 50 dogs with retrobulbar disease. J. Am. Anim. Hosp. Assoc., 37(6):557-562. 4. MCGILL, S.; LESTER, N.; MCLACHLAN, A.; MANSFIELD, C. Concurrent sialocoele and necrotising sialadenitis in a dog. J. Small Anim. Pract., 50:151-156, 2009. 5. OLIVIER, H.S.; BABICSAK, V.R.; BELOTTA, A.F.; MERLINI, N.B.,; BRANDAO, C.V.S.; SOUZA, P.M.; MAMPRIM, J.M. Ultrasonographic Exam Contribution in Diagnosis of Retrobulbar Mucocele on Dog: Case Report. Ultrasound Med. Biol., 39:S79, 2013. 6. TORAD, F.A.; HASSAN, E.A. Clinical and ultrasonographic characteristics of salivar mucoceles in 13 dogs. Vet. Radiol. Ultrasound, 54(3):293-298, 2013.

3. ESTUDO DAS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES DA VESÍCULA URINÁRIA DE CÃES E GATOS NA ROTINA ULTRASSONOGRÁFICA DO HOSPITAL DA UFRRJ – RESULTADOS PRELIMINARES VITÓRIA D’ELIA DE CARVALHO1; MARCOS JOSÉ NEVES VELLOSO1; THIAGO SOUZA COSTA2; SUZANA LIMEIRA VIEIRA1; CRISTIANO3 CHAVES PESSOA DA VEIGA4; ANNA PAULA BALESDENT BARREIRA5 Residente de Imaginologia do Programa de Residência em Área Profissional da Saúde – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Bolsista da CAPES. 3 Médica Veterinária Autônoma. 4 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal da Universidade Federal Fluminense. 5 Professora Adjunta da Disciplina de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – Rodovia BR-465 Km07, CEP: 23890-000. E-mail para correspondência: [email protected] 1

ABSTRACT VELLOSO, M.J.N.; CARVALHO, V.D.; COSTA, T.S.; VIEIRA, S.L.A.; VEIGA, C.C.P.; BARREIRA, A.P.B. Study of urinary bladder diseases of dogs and cats in the ultrasound routine of clinical practice from UFRRJ Veterinary Hospital - preliminary results. Urinary bladder diseases are common in dogs and cats and its evaluation is mostly done by ultrasonography. This retrospective study aimed to conduct a survey on bladder diseases found in the UFRRJ Veterinary Hospital, Seropédica, RJ, in order to raise the knowledge about the organ. Of 1.190 animals, 15.80% had

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urinary bladder lesions and the most frequent change was cystitis. There was a higher incidence of injuries in female dogs and male cats, which can be explained by their anatomical conditions. KEYWORDS: retrospective study; ultrassonography; urinary bladder. INTRODUÇÃO O trato urinário inferior é um sistema composto pela vesícula urinária e uretra, que possui função de armazenar e liberar urina, contribuindo para preservar o equilíbrio hídrico e eletrolítico do organismo e protegê-lo contra infecções1. Assim, com base na importância da bexiga para a higidez dos indivíduos, é necessário promover estudos que contribuam para intensificar o conhecimento sobre diagnóstico e controle de suas alterações, A técnica ultrassonográfica é um método de diagnóstico de grande importância para a identificação de enfermidades da vesícula urinária em animais de companhia 2, bem como em outras espécies. Para realizar o exame é necessária sua distensão, sendo possível observar parede e conteúdo vesical, possibilitando então o diagnóstico de cistite, ruptura de parede, presença de massas, urólitos, coágulos, aumento da celularidade da urina, entre outras alterações3. O presente trabalho teve o objetivo de promover um levantamento da casuística dos exames ultrassonográficos de cães e gatos pacientes do Hospital Veterinário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, sobretudo sob o aspecto de lesões da vesícula urinária. METODOLOGIA Para o presente estudo retrospectivo foram reavaliados os laudos de 1.190 animais atendidos no Setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário da UFRRJ no período de setembro de 2012 a setembro de 2013. Foram incluídos somente cães e gatos, de ambos os sexos, submetidos a exame de ultrassonografia abdominal. A preparação dos animais constou apenas em tricotomia abdominal e o posicionamento preferencial foi o decúbito dorsal. Os animais que não apresentavam distensão adequada e alterações de topografia da vesícula urinária no momento do exame foram excluídos do levantamento, tendo em vista a limitação na avaliação do órgão e de seu conteúdo. Para os exames, em modo B e Doppler, foi utilizado equipamento portátil de ultrassonografia, modelo Sonovet R3, da marca SamsungMadison e transdutores linear (6-12 MHz) e microconvexo (5-10MHz), utilizados de acordo com o porte do animal. As alterações vesicais observadas foram descritas e diagnosticadas segundo os seguintes critérios: cistite foi considerada nos casos onde foram encontrados espessamento e irregularidade de parede da bexiga associado ao aumento de celularidade na urina3. A presença de urólito foi confirmada pela observação de estruturas hiperecóicas com sombreamento acústico posterior3. Foram considerados coágulos vesicais imagens hiperecóicas, de formatos variados, irregulares, móveis, sem sombra acústica posterior e que possuíam ausência de fluxo sanguíneo ao Doppler 4. A ruptura de bexiga foi diagnosticada em pacientes com histórico de trauma, a partir da visualização de líquido livre na cavidade abdominal, sobretudo em topografia de bexiga, associado à falta de integridade da parede vesical. No caso onde houve dúvida procedeu-se a sondagem uretral e posterior insuflação com solução de NaCl 0,9%, que confirmava o extravasamento para a cavidade abdominal5. O padrão de normalidade para a espessura da parede da bexiga adotado para gatos foi de até 1,7mm3 e para cães de até 2mm de espessura5. A celularidade foi constatada pela visualização de pontos ecóicos em suspensão na urina a partir do movimento de balotamento. A ureterocele foi diagnosticada a partir da visualização de uma estrutura cística, esférica, de parede fina e lisa que sofria protusão para o interior da bexiga, próxima à saída do ureter3, 4. Já as neoplasias foram diagnosticadas a partir da detecção de massas exofíticas com características vegetantes e ecogenicidade mista, com protusão para o lúmen vesical e apresentaram fluxo sanguíneo ao exame de Doppler6. A técnica de sucção traumática por aspiração e posterior análise citológica permitiu a elucidação diagnóstica de tais neoplasias na maioria dos pacientes6. Nos casos onde não foi possível tal procedimento, foi realizado exame histopatológico. RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 1.190 animais submetidos ao exame ultrassonográfico de cavidade abdominal, 188 apresentaram alterações em vesícula urinária, caracterizando incidência de 15,80%, o que demonstra a importância da avaliação criteriosa desse órgão. Dos 188 animais que apresentaram alterações vesicais, 139 (73,94%) eram cães e 49 (26,06%) gatos, no entanto este resultado pode expressar apenas a maioria da população canina entre a clientela do Hospital Veterinário da UFRRJ. Entre os cães com alterações vesicais, 57 eram machos (41,01%) e 82 fêmeas (58,99%), já entre os gatos este panorama se inverteu, sendo 29 machos (59,18%) e 20 fêmeas (40,82%) (Figura 1). A predominância do acometimento de fêmeas entre cães corrobora dados encontrados na literatura7, e são associados à maior incidência de distúrbios inflamatórios e infecciosos do trato urinário inferior por possuírem a uretra mais curta e menos estreita quando comparada com machos, reduzindo as barreiras físicas contra infecções ascendentes7. Em contrapartida, na espécie felina, a conformação anatômica da uretra dos machos parece favorecer a

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instalação de processos obstrutivos, o que predispõe à infecções ascendentes e inflamação vesical 8. As alterações encontradas, independente da espécie, foram distribuídas da seguinte forma: cistite (51,07%), aumento da celularidade na urina (31,91%), cálculo (9,57%), coágulo intraluminal (3,19%), neoplasia (2,66%), ruptura de bexiga (1,09%) e ureterocele (0,53%) (Figura 2). A maior ocorrência da cistite é confirmada pela literatura7. Segundo autores4, embora o espessamento de parede da bexiga seja indicativo de cistite, é essencial sua correlação com dados clínicos, urinálise e cultura, para melhor classificação da inflamação e definição do tratamento. A celularidade, quando encontrada isoladamente, pode corresponder a um quadro de cistite aguda4. A urolitíase é uma condição clínica relevante devido às suas complicações e segundo este estudo foi a terceira alteração mais encontrada, assim como descrito na literatura norte americana1. Os coágulos vesicais podem expressar aparência variável, podendo ser facilmente confundidos com processos neoplásicos, porém com o auxílio do Doppler, essa diferenciação foi possível, confirmando a importância de tal recurso, como citado na literatura6. Nos casos de neoplasia vesical, a ultrassonografia se mostrou de grande valia para a detecção das alterações morfológicas que sugerem tal diagnóstico. No entanto, foi necessária análise cito ou histopatológica para sua confirmação6. A técnica de sucção traumática por sodangem mostrou-se útil, sendo eficaz na elucidação diagnóstica de três casos. Nos outros dois foram necessários exames histopatológicos para conclusão do diagnóstico. A região de maior prevalência para o desenvolvimento de neoplasias foi o trígono vesical e o tipo tumoral encontrado em todos os casos foi o carcinoma de células transicionais, estando de acordo com a maioria da literatura revisada3, 6. A ruptura de bexiga foi um achado pouco frequente, presente em 2 casos de animais politraumatizados. Por fim, a ureterocele foi encontrada em apenas 1 animal, sendo uma anomalia congênita pouco frequente em pequenos animais, como nas demais espécies domésticas 7. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, pode-se observar que o exame ultrassonográfico em modo B foi ideal para análise das alterações de bexiga, podendo definir diagnóstico, em casos de cistite, urólito e até ureterocele, mas em outras alterações deve ser associado com análise pelo Doppler e ou exames laboratoriais. Também conclui-se que as fêmeas caninas e machos felinos são mais acometidos pelas enfermidades vesicais. E ainda, que a cistite e o aumento de celularidade da urina representam 83% dos casos dos pacientes com alterações vesicais, refletindo a alta ocorrência de infecção do sistema urinário em cães e gatos.

Distribuição entre sexos da população canina

fêmeas 59%

machos 41%

Distribuição entre sexos da população felina fêmeas 41%

machos 59%

Figura 1: Os gráficos acima demonstram a inversão na distribuição do acometimento lesões de bexiga em machos e fêmeas, quando considerada a espécie animal.

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Distribuição das Alterações da Bexiga 1 3% % 10%

0,5%

cistite

3%

celularidade na urina cálculo 51% coágulo intraluminal neoplasia

32%

ruptura de bexiga ureterocele

Figura 2: Distribuição percentual dos 188 casos de alterações encontradas em bexiga por meio do exame ultrassonográficos na rotina de atendimento do Hospital Veterinário da UFRRJ.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. LULICH, J.P.; OSBORNE, C.A.; BARTGES, J.W.; LEKCHAROENSUK, C. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária – Doenças do Cão e do Gato. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2008, p.1841-1842. 2. GALLATTI, L.B.; IWASAKI, M. Estudo comparativo entre as técnicas de ultrasonografia e cistografia positiva para detecção de alterações vesicais em cães. Braz J Vet Res Anim Sci., 41(1): 40-46, 2004. 3. SUTHERLAND-SMITH, J. In: PENNINCK, D.; d`ANJOU, M.A. Atlas de Ultrassonografia de Pequenos Animais. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2011, p.363-381. 4. VAC, MH. In: CARVALHO, CF. Ultra-Sonografia em Pequenos Animais. São Paulo:Roca, 2004, p.133-143. 5. KEALY, J.K.; McALLISTER, H. In: KEALY, J.K.; McALLISTER, H. RADIOLOGIA E ULTRASONOGRAFIA DO CÃO E DO GATO. O Abdomen. Barueri:Manole, 2005, p.112-114. 6. FROES, T.R.; IWASAKI, M.; CAMPOS, A.G.; TORRES, L.N.; DAGLI, M.L.Z. Avaliação ultrasonográfica e pelo Doppler colorido do carcinoma de células transicionais da bexiga de cães. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., 59(6): 1400-1407, 2007. 7. INKELMANN, M.A.; KOMMERS, G.D.; TROST, M.E.; BARROS, C.S.L.; FIGHERA, R.A.; IRIGOYEN, L.F.; SILVEIRA, I.P. Lesões do Sistema Urinário em 1.063 Cães. Pesq. Vet. Bras., 32(8): 761-771, 2012. 8. RECHE JR., A.; HAGIWARA, M.K.; MAMIZUKA, E. Estudo clínico da doença do trato urinário inferior em gatos domésticos de São Paulo. Braz. J. vet. Res. Anim. Sci., 35(2): 69-74, 1998.

4. ULTRASSONOGRAFIA COMO FERRAMENTA NO DIAGNÓSTICO DE TORÇÃO ESPLÊNICA PRIMÁRIA: RELATO DE CASO MICHELLE LOPES AVANTE1; PAULO VINÍCIUS TERTULIANO MARINHO2; MARIANA TIAI KIHARA3; DANIELE SANTOS ROLEMBERG3; MARIA CAROLINA TONI1; JULIO CARLOS CANOLA4; ANDRIGO BARBOZA DE NARDI4; BRUNO WATANNABE MINTO4 1 Aluno de pós-graduação do curso de Cirurgia Veterinária da FCAV- UNESP-Jaboticabal 2 Aluno de pós-graduação do curso de Cirurgia Veterinária da Universidade de Londrina - UEL 3 Residente do setor de Diagnóstico por Imagem do HV - UNESP – Jaboticabal. 4 Docente do departamento de clinica e cirurgia da FCAV– UNESP – Jaboticabal. Endereço e email para correspondência: Via de Acesso Prof.Paulo Donato Castellane s/n 14884-900 - Jaboticabal, SP. Email: [email protected]

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ABSTRACT AVANTE, M.L.; MARINHO, P.V.T.; KIHARA, M.T.; ROLEMBERG, D.S.; TONI, M.C.; CANOLA, J.C.; NARDI, A.B.; MINTO, B.W. Ultrasonography as a tool in the diagnosis of primary splenic torsion: case report. The primary splenic torsion is rare and occurs with the rotation of the spleen on its pedicle, compromising the vascularity of the parenchyma. This disease usually affects large dogs with deep chest. Their clinical presentation is acute abdomen, laboratory findings are nonspecific and inconclusive and the diagnosis is based on imaging studies such as radiography, computed tomography and especially ultrasound. Treatment is emergency in order to reduce the risk of complications, and total splenectomy, the appropriate procedure. KEYWORDS: splen, diagnostic, ultrassonography INTRODUÇÃO A torção esplênica primária é considerada uma enfermidade rara, pois está frequentemente associada com a dilatação vólvulo gástrica1,2,3,4. Sua ocorrência isolada corresponde a menos de 1% dos casos 5. Estudo realizado mostra que de 1.480 cães, com alterações esplênicas, 8 (0,5%) apresentavam a torção primária2. Éssa afecção é mais comum em cães de grande porte e com o tórax profundo2,4,6,7. A etiologia não está bem elucidada, estudos relatam que a causa pode estar relacionada a anormalidades congênitas, frouxidão ou rupturas traumáticas dos ligamentos gastroesplênicos e esplenocólicos, ou ainda que ocorra uma dilatação gástrica com ou sem torção, promovendo a rotação do baço permanente e o retorno do estômago ao seu estado normal3,4,5,6,8. A torção esplênica primária ou isolada, pode ocorrer de forma aguda ou crônica, sendo a aguda menos comum3,6. Nas duas apresentações os sinais clínicos são inespecíficos. Na aguda observa-se sinais de abdomen agudo, como letargia, vômito, desconforto e dor abdominal, colapso cardiovascular e choque. À palpação abdominal, observa-se aumento de volume, de consistência firme, devido a esplenomegalia. Na forma crônica a maioria dos cães apresentam episódios de vômitos, anorexia, fraqueza ou depressão, icterícia e dor abdominal3,4. Os exames laboratoriais, incluem anemia, trombocitopenia, podendo ter leucocitose, hiperbilirrubinemia e hemoglobinúria. Esses achados também podem cursar com outras doenças, como anemia hemolítia imunomediada, nesses casos os exames complementares, como os de imagem, vão direcionar o diagnóstico3,4. O diagnóstico é baseado nos exames de radiografia, tomografia computadorizada e principalmente a ultrassonografia4. O diagnóstico definitivo da torção esplênica é realizado durante a celiotomia exploratória6. Em humanos, a angiografia do baço é o diagnóstico definitivo, no entanto, a ultrassonografia e a tomografia computadorizada são também considerados métodos precisos para esse diagnóstico8. Os achados radiográficos são inespecíficos2,6, visibilizando evidente esplenomegalia, com deslocamento de outros órgãos abdominais. Pode-se observar ausência do corpo do baço na região cranial esquerda (projeção ventrodorsal) e quando houver efusão peritoneal, a avaliação da cavidade abdominal pode ser dificultada6,7. Os achados ultrassonográficos revelam acentuada esplenomegalia, com o parênquima hipoecoico difuso, de aspecto rendilhado e com presença de linhas hiperecoicas (dilatação dos sinusoides). O mesentério adjacente é observado com uma ecogenicidade acentuadamente elevada e pode ocorrer efusão peritoneal. A ultrassonografia Doppler pode mostrar redução do fluxo dos vasos sanguíneos, trombos intrasvaculares e até mesmo oclusão dos vasos3,4,6,7. Autores consideram que a correlação desses achados ultrasonográficos sugerem fortemente a torção esplênica 6. Estudo realizado associa a visibilização de um triângulo hiperecoico perivascular, observado na região do hilo esplênico com a torção esplênica2. Essa enfermidade tem caráter emergencial, que requer procedimento cirúrgico imediato 1,3, afim de reduzir as complicações, como colapso cardiovascular, arritmias ventriculares, hemorragia, desordens de coagulação, coagulação intravascular disseminada, trombose, pancreatite e até a dilatação vólvulo gástrica3,4. O tratamento se inicia com a estabilização do paciente e posteriormente, é realizado a celiotomia exploratória e esplenectomia. O prognóstico após a esplenectomia geralmente é favorável, caso o diagnóstico seja feito precocemente4. O presente trabalho tem como objetivo destacar essa enfermidade incomum e que necessita de um rápido diagnóstico, podendo este ser realizado com o auxílio da ultrassonografia. METODOLOGIA Um cão, macho, da raça American Pit Bull, de 3 anos, foi atendido no Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel” da Unesp-Jaboticabal, apresentando sinais de abdomen agudo e letargia. Na anamnese o proprietário relatou que há 3 dias o paciente mostrava-se inquieto, com desconforto e crescente aumento de volume abdominal. Aos exames clínico e físico foi constatado mucosas hipocoradas, redução do tempo de preenchimento capilar, moderada desidratação, hipertermia, ligeira taquipneia (130bpm), pulso

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filiforme; na palpação abdominal observou aumento de volume de consistência firme em regiões epigástrica e mesogástrica, de sensibilidade dolorosa. Os exames laboratoriais (hemograma e bioquímica sérica) revelaram alterações como anemia normocítica hipocrômica, leucocitose por neutrofilia e eosinopenia, discreta hipoalbuminemia e trombocitopenia, com esses achados foi solicitado a reação de polimerase em cadeia (PCR) para erliquiose e babesiose, onde deram negativos. O paciente foi encaminhado ao setor de diagnóstico por imagem e primeiramente foi realizado o exame radiográfico, observando evidente esplenomegalia, a porção cranial do baço foi visibilizada em região epigástrica e a caudal em região mesogástrica, sem continuidade (Figura 1A). Alças intestinais estavam deslocadas de sua localização habitual. Na ultrassonografia foi confirmada a esplenomegalia, com parênquima hipoecoico de aspecto rendilhado, com linhas hiperecoicas dispersas pelo parênquima, não visibilização da veia lienal em região hilar (Figura 1B), com o uso do Doppler foi confirmado a ausência de fluxo sanguíneo. O mesentério adjacente apresentava-se hiperecoico (reativo). RESULTADOS E DISCUSSÃO O paciente com torção esplênica apresenta desconforto abdominal considerável, sinais como inquietude, 6 vômito, debilidade física progressiva, e sinais relacionados ao choque sistêmico . A avaliação clínica com sinais de desconforto e aumento de volume abdominal, de consistência firme, principalmente no lado esquerdo, direcionaram as suspeitas clínicas no presente caso. Afecções como a síndrome vólvulo gástrica, ruptura gástrica, hemorragia em decorrência de neoplasia esplênica, vólvulo intestinal, obstrução gastrintestinal aguda, peritonite, pancreatite, torção de útero, torção de tumor testicular intra-abdominal, anemia hemolítica autoimune e envenenamento, devem ser diagnósticos diferenciais5, sendo a ultrassonografia um exame útil para tal avaliação. O diagnóstico de torção esplênica primária aguda é um desafio. Os achados ultrassonográficos de esplenomegalia, juntamente com o parênquima difusamente hipoecoico rendilhado e linhas hiperecoicas, é altamente sugestivo de torção esplênica2,9. Os achados ultrassonográficos desta condição também foi descrito em outras doenças esplênicas, como o infarto sem a torção concomitante2,7. Portanto, para a avaliação do parênquima é necessária a utilização do Doppler colorido para detectar a ausência de fluxo sanguíneo contribuindo para o diagnóstico4. No presente caso, os achados ultrassonográficos foram consistentes com a torção do baço. Recentemente autores afirmam que esses achados não são específicos da torção esplênica, além disso, alguns artefatos podem comprometer a avaliação do fluxo nos vasos sanguíneos. Estudo realizado em 2006, identifica um triângulo hiperecoico perivascular, observado na região do hilo esplênico que acredita estar associado diretamente à torção esplênica6. Embora não patognomônicos, este sinal pode ser mais um achado para auxiliar no diagnóstico2. CONCLUSÕES A torção esplênica primária necessita de tratamento emergencial, assim é preciso o diagnóstico imediato. O exame ultrassonográfico não é conclusivo, no entanto, direciona o diagnóstico com seus achados característicos que estão sendo cada vez mais estudados; além de não ser um exame não-invasivo e de fácil acesso. Este pode contribuir na identificação da torção esplênica, já que, os outros exames não fornecem sinais específicos ou são mais honerosos.

Figura 1. (A) Imagem radiográfica, na projeção lateral direita do abdomen, visibilizando estruturas de radiodensidade de tecidos moles em regiões epigástrica e mesogástrica (setas), sugerindo esplenomegalia, com deslocamento dorsal das alças intestinais. (B)

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Imagem sonográfica do baço apresentando parênquima hipoecogênico rendilhado, com presença de linhas hiperecoicas, sem a presença da veia lienal em região hilar. Visibilização do mesentério reativo adjacente ao baço (seta). Fonte: Serviço de Diagnóstico por Imagens (FCAV/UNESP - Jaboticabal).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. SIMEONOVA, G.; SIMEONOV, R.; ROUSSENOV, A. Trakia Journal of Sciences, 5(3): 64-68,

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5. CONTRIBUIÇÃO DA BIÓPSIA ASPIRATIVA GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO DE PANCREATITE CRÔNICA EM CÃO: RELATO DE CASO INGRID DE OLIVEIRA CAMPOS1, NATHALIA BRANT MALTA SALGUEIRO2, MARIANA YUKARI HAYASAKI PORSANI3, CAMILA SANTOS PEREIRA4, ANTONIO CARLOS CUNHA LACRETA JUNIOR5, GABRIELA RODRIGUES SAMPAIO5 ¹ Mestranda em Ciências Veterinárias/UFLA/ Bolsista FAPEMIG ² Residente em Diagnóstico por Imagem/UFLA ³ Mestranda em Ciências Veterinárias/UFLA/ Bolsista CAPES 4 Mestranda em Ciências Veterinárias/UFLA 5 Professor Adjunto/UFLA

ABSTRACT CAMPOS, I.O.; SALGUEIRO, N.B.M.; PORSANI, M.Y.H.; PEREIRA, C.S.; LACRETA JUNIOR, A.C.C.; SAMPAIO, G.R. Contribution of aspiration biopsy ultrasonography guided by the diagnosis of chronic pancreatitis in dog: case report. Aspiration biopsy guided by ultrasound is one of the techniques of interventional imaging, used for the differential diagnosis of lesions identified by ultrasonography. The biological material obtained by this technique allows for cytological studies, which together with other patient data collaborate to elucidate the patients' clinical status. Pancreatitis is still a challenge for veterinarians, and its diagnosis is difficult, especially in its chronic phase. This paper aims to report a case in a dog chronic pancreatic disease, emphasizing the importance of interventional procedures procedures using ultrasound as aids in the diagnosis of chronic pancreatitis. KEYWORDS: Ultrasound, Veterinary, Pancreas. INTRODUÇÃO A pancreatite é uma das causas mais comuns de abdome agudo1. O pâncreas é dividido em ramo direito, esquerdo e um corpo. A parte direita está localizada medial ao duodeno e lateralmente ao cólon ascendente. O ramo esquerdo está localizado entre o aspecto caudal do estômago e o cólon transverso. Ao exame ultrassonográfico, o pâncreas é isoecogênico ou discretamente hipoecogênico em relação a gordura mesentérica ao seu redor2,3. Nos casos de pancreatite aguda, os principais achados são: pâncreas com parênquima hipoecogênico, dimensões aumentadas (maior que 2cm nos planos longitudinal, sagital e transversal), mesentério peripancreático hiperecogênico, líquido livre ao redor do orgão e duodenite. Com a cronicidade da doença, o pâncreas pode ter sua dimensão preservada ou reduzida, ecogenicidade variavel ou mista, lesões nodulares, apresentando áreas de sombra acústica posterior associadas à fibrose e/ou mineralização e dilatação de ductos pancreáticos, sendo seu diagnóstico difícil e desafiador 3. A ultrassonografia intervencionista é um conjunto de procedimentos, nos quais a imagem ultrassonográfica é utilizada para direcionamento de agulhas ou outro instrumento perfurocortante para drenagem e coleta de amostras de coleções líquidas ou realização de biopsias4. A diferenciação entre lesões inflamatórias, infecciosas ou neoplásicas, mesmo com métodos de imagem avançados, ainda é Anais do 3º Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem – SINDIV 2013

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desafiador5. Por isso, a ultrassonografia passou a ser utilizada como ferramenta de orientação em muitos procedimentos intervencionistas6. A ausência de lesões macroscópicas durante a laparotomia exploratória não exclui a presença de doença pancreática, e é este fato que deixa claro a importância da biopsia de pâncreas7. Todavia, a biopsia pancreatica é uma técnica específica, mas não muito sensível, uma vez que as lesões pancreáticas podem estar localizadas em vez de difusas. A inflamação do pâncreas ocorre em áreas discretas dentro de seu parenquima, o que pode inferir em múltiplas biopsias. Uma vez que as lesões são distribuídos aleatoriamente, não há nenhum local preferido para as amostras de biopsia a menos que lesões visíveis estejam presentes7,8. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso doença pancreática crônica em cão, ressaltando a importância dos procedimentos intervencionistas ecoguiados como auxiliares no diagnóstico de afecções desafiadoras, como é o caso da pancreatite crônica, em pequenos animais. METODOLOGIA Uma cadela SRD, castrada, com 5 anos de idade foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Lavras com quadro de distensão abdominal, dor aguda e hiporexia. O animal havia sido submetido a tratamento com antibióticos e antiflatulento apresentando uma pequena melhora, entretanto as manifestações clínicas retornaram após o término do tratamento. O animal foi encaminhado ao setor de Diagnóstico por Imagem para realização de exame ultrassonográfico do abdome. Ao exame ultrassonográfico visibilizou-se acentuado aumento do lobo pancreatico direito, parênquima hipoecogênico heterogêneo, presença de faixas anecogênicas sugestivas de edema pancreático e aumento da ecogenicidade do mesentério circundante (Figura 1). Ao exame Doppler havia evidência acentuada de fluxo vascular. Recorreu-se a técnica de biopsia aspirativa ecoguiada no qual apresentou resultados compatíveis com alteração inflamatória crônica. Os testes laboratoriais apresentaram leucocitose 38,4 mil/mm3, fosfatase alcalina 489 U/L, triglicerideos 310 mg/dL, colesterol total 597 md/dL, glicose 330 mg/dL, discreto aumento de proteinas totais e albumina e score 3 para lipase imunorreativa canina. Após 5 meses de tratamento para pancreatite crônica, o animal se manteve bem clinicamente e o novo exame ultrassonográfico apresentou pâncreas direito com as dimensões discretamente aumentadas (entretanto reduzida quando comparada ao exame anterior), parênquima hipoecogênico heterogêneo e com ligeira dilatação do ducto pancreático (Figura 2).

Figura 1 - Imagem ultrassonográfica do ramo direito do pâncras em plano transversal. Visibilizase acentuado aumento do lobo pancreatico, parênquima hipoecogênico heterogêneo e aumento da ecogenicidade do mesentério circundante.

Figura 2 - Imagem ultrassonográfica do ramo direito pâncreas em plano longitudinal. Dimensões discretamente aumentadas e ligeira dilatação do ducto pancreático.

RESULTADOS E DISCUSSÃO O diagnóstico definitivo de pancreatite é dificil, principalmente em sua fase crônica. A presença de manifestações clínicas compatíveis com doença pancreática, tais como vômitos, dor abdominal, desidratação e pirexia, aumentam a suspeita para a doença9. A posição anatomica e as relações do pâncreas com outros orgãos e a gordura ao seu redor faz difícil sua visibilização, quando este não apresenta alterações1. No caso em questão, o exame ultrassonográfico permitiu fácil identificação do órgão, mesmo sem qualquer tipo de preparo (jejum e antiflatus), e direcionou o diagnóstico para alteração pancreática, visto que o animal apresentou manifestações clínicas inespecíficas para doença. Anais do 3º Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem – SINDIV 2013

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Embora a biópsia de fragmento proporcione maior precisão no diagnóstico diferencial, optou-se pela biopsia aspirativa. Por se tratar do pâncreas, a técnica de biópsia aspirativa infere menor risco de complicações, com a vantajem de permitir avaliação imediata do material aspirado. No caso em questão os resultados citológicos puderam ser obtidos rapidamente, permitindo um diagnóstico presuntivo, que possibilitoua instituição imediata do tratamento10,11. Mais recentemente, testes para mensuração da lipase pancreática imunorreativa (cPLI para cães e fPLI para gatos) tem sido aceito como exame de escolha nas suspeitas de pancreatite, devido à sua alta sensibilidade e especificidade em comparação com os outros testes. Entretanto, falso-positivos e falsonegativos podem ocorrer, e o diagnóstico definitivo deve ser baseado na combinação do histórico, exame físico, mensuração da lipase pancreática imunorreativa,ultrasonografia do pâncreas12,13, e quando possível e pertinente, biópsia aspirativa, conforme foi realizado. CONCLUSÃO Devido as manifestaçãos clínicas inespecíficas e as limitações dos testes laboratórias disponíveis no mercado, a imaginologia desempenha um papel importante no diagnóstico de pancreatite de cães e gatos, principalmente quando associada a biopsias guiadas por meio de exames por imagem. Contudo, o diagnóstico definitivo deve ser sempre realizado com associação do histórico, exame físico e mensuração da lipase imunorreativa canina.

REFERÊNCIAS 1 RUAUX, C. G. Diagnostic Approaches To Acute Pancreatitis. Clinical Techniques in Small Animal Practice. V.18, p.245-249, 2003. 2 NYLAND, T. G.; MATTOON, J. S.; HERRGESELL, E. J.; WISNER, E. R. Pancreas. In: NYLAND, T. G.; MATTOON, J. S. Small animal diagnostic ultrasound. 2ed. Philadelphia: WB Saunders Company, 2002. p.144-157. 3 MORANDI, F. Pâncreas. In: O’BRIEN, R.; BARR, F. Manual de diagnóstico por imagem abdominal de cães e gatos. São Paulo: Roca, 2012. p. 193-203. 4 KANAYAMA, L. M. Ultra-Sonografia Intervencionista. In: CARVALHO, C. F. Ultra-sonografia em Pequenos Animais. São Paulo: Roca, p.346-358, 2004. 5 VIGNOLI, M.; SAUNDERS, J. H. Image-guided interventional procedures in the dog and cat. The Veterinary Journal, v.187, p. 297–303, 2011. 6 DOUGLAS, B.R.; CHARBONEAU, J.W.; READING, C.C. Ultrasound-Guided Intervention. Radiologic Clinics of North America, v.39, n.3, p.415-428, 2001. 7 NEWMAN, S.; STEINER, J.; WOOSLEY, K.; BARTON, L.; RUAUX, C.; WILLIAMS, D. Localization of pancreatic inflammation and necrosis in dogs. Journal of Veterinary Internal Medicine 18, 488-493, 2004. 8 DE COCK, H. E. V.; FORMAN, M. A.; FARVER, T. B.; MARKS, S. L. Prevalence and histopathologic characteristics of pancreatitis in cats. Veterinary Pathology 44, 39-49, 2007. 9 RUAUX, C. G.; ATWELL, R. B. General practice attitudes to the treatment of spontaneous canine acute pancreatitis. Aust Vet Pract 28:67-74, 1998. 10 SAMII, V. F.; NYLAND, T. G.; WERNER, L. L.; BAKER, T. W. Ultrasound- Guided Fine-Needle Aspiration Biopsy of Bone Lesions: A Preliminary Report. Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 40, n. 1, p. 82-86, 1999. 11 STEWART, C. J. R.; COLDEWEY, J.; STEWART, I. S. Comparison of fine needle aspiration cytology and needle core biopsy in the diagnosis of radiologically detected abdominal lesions. Journal of Clinical Pathology, v.55, p.93–97, 2002. 12 XENOULIS, P.G.; STEINER, J.M. Canine and feline pancreatic lipase immunoreactivity. Veterinary Clinical Pathology, v.41, n. 3, p. 312-24, 2012. 13 STEINER, J. M. Diagnosis of pancreatitis. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. V.33, p.1181-1195, 2003.

6. LEVANTAMENTO DE EXAMES DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM PARA ANÁLISE ONCOLÓGICA NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFRRJ ELIS CARVALHO DE OLIVEIRA1; MARCOS JOSÉ NEVES VELLOSO2; VITÓRIA D’ELIA DE CARVALHO2; JOSÉ RICARDO GOMES DE CARVALHO3; CRISTIANO CHAVES PESSOA DA VEIGA4; ANNA PAULA BALESDENT BARREIRA5

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1 Bolsista de Monitoria da Disciplina de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ; 2 Residente do Programa de Residência em Medicina Veterinária da UFRRJ – Área de Diagnóstico por Imagem; 3 Residente do Programa de Residência em Medicina Veterinária da UFRRJ – Área de Oncologia; 4 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Clínica e Reprodução Animal da Universidade Federal Fluminense; 5 Professora Adjunta da Disciplina de Diagnóstico por Imagem da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

ABSTRACT OLIVEIRA, E.C.; VELLOSO, M.J.N.; CARVALHO, V.D.; VEIGA, C.C.P; BARREIRA, A.P.B. Analysis of Cancer Patients on Imaging Diagnostic Department in UFRRJ’s Veterinary Hospital This study aimed evaluate the contribution of radiographic and ultrasound exams in oncologic patients through a retrospective study from the file of Imaging Diagnosis of Small Animal Veterinary Hospital of the Federal Rural University of Rio de Janeiro – UFRRJ between april and september of 2013. The study included cases of metastasis research and evaluation of primary neoplastic masses, which resulted in 784 radiographs and 689 sonographic examinations. From this, 15% of radiographic were surveys of metastasis and in 24% of ultrasound scans were found primary masses. Also, the masses were more frequently found in mammary glands (37%) and the least frequent was in prostate. This retrospective study reinforces the high incidence of request of diagnostic imaging in order to detect primary neoplasm and metastases, contributing to staging and monitoring of oncology patients. KEY WORDS: radiology, ultrasound, dogs, cats, oncology INTRODUÇÃO O aumento de casos de neoplasias em cães e gatos é cada vez mais marcante na rotina da medicina veterinária. Esse aumento pode ser explicado por diversas razões, sendo a principal o aumento da expectativa de vida desses animais devido à melhoria na nutrição, nos protocolos vacinais, nas técnicas de diagnóstico e métodos terapêuticos (1). Com o aumento da longevidade dos animais, são observadas ocorrências relacionadas com o envelhecimento do organismo, dentre elas a divisão celular anormal e ineficácia progressiva do sistema imune em detectar e eliminar células tumorais (2). As neoplasias podem ter origem em diversos tecidos e por isso apresentam variada morfologia, resultando em diferentes classificações. Devido a esta grande variação, é necessário compor o diagnóstico com base na associação de métodos, a fim de fornecer recursos para um bom planejamento do tratamento e determinação do prognóstico (3). Assim, cabe às técnicas de diagnóstico por imagem realizar a detecção precoce de massas primárias, de metástases e portanto possuem papel fundamental no estadiamento clínico das neoplasias, possibilitando melhor planejamento terapêutico e avaliação da resposta à terapia aplicada. Neste contexto, a radiografia torácica representa a modalidade diagnóstica mais utilizada para a pesquisa de metástases pulmonares, representadas por áreas de opacidade nodular única ou múltipla (4). Também são realizadas radiografias de neoplasia primária, sobretudo de origem óssea, que revelam o perfil invasivo ou não da neoplasia. A maior desvantagem dessa técnica é a sobreposição das estruturas e a falta de detalhe radiográfico de algumas imagens (1). Já a ultrassonografia é a técnica de eleição para avaliar a cavidade abdominal na pesquisa de massas, além de ser muito útil para realização de punção guiada, minimizando os riscos desta técnica e permitindo a realização de exames cito ou histopatológico, mesmo em massas internas. O objetivo do presente trabalho foi verificar a contribuição de exames radiográficos e ultrassonográficos em casos de neoplasia e a distribuição das massas entre os órgãos em pacientes da espécie canina e felina do Hospital Veterinário da UFRRJ durante seis meses de atendimento. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizado estudo retrospectivo com base em dados obtidos nas fichas dos animais examinados no setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário de Pequenos Animais da UFRRJ no período de abril a setembro de 2013. Considerou-se a avaliação ultrassonográfica e radiográfica de cães e gatos, de qualquer idade ou sexo, com ou sem raça definida. Os critérios de inclusão adotados foram radiografias torácicas e ultrassonografias abdominais para pesquisa de metástase, análise de massas e casos de punções guiadas. O principal critério de exclusão foi a presença de fichas incompletas, como aquelas sem suspeita clínica. Os exames ultrassonográficos foram realizados com o equipamento portátil, modelo Sonovet R3, da marca Samsung-Madison e transdutores linear (6-12 MHz) e microconvexo (5-10MHz), utilizados de acordo com o porte do animal. Para o exame radiográfico foi utilizado o equipamento de Raio X portátil, modelo Orange 1060 HF, da marca EcoRay Co, Ltda. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de abril a setembro de 2013 foram realizados 689 exames ultrassonográficos e 784 exames radiográficos no Hospital Veterinário da UFRRJ. Daqueles destinados à ultrassonografia 167 (24,23%) apresentaram suspeita de neoplasia, tendo sido confirmada a presença de massa em 153 dos casos (91,61%). Ou seja, o exame clínico das regiões não torácicas permite uma boa sensibilidade à presença de massas, já que na grande maioria dos casos a suspeita foi confirmada. Este resultado não

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surpreende, quando citadas as neoplasias mamárias ou da tireóide, por sua localização subcutânea. Dentre as massas detectadas pela ultrassonografia, a distribuição encontrada foi a seguinte: 37,19% (61/164) em mama, 14,63% (24/164) em baço (Figura 1), 11,58% (19/164) em fígado (Figura 2), 9,75% (16/164) cutâneos, 5,48% (9/164) em testículo, 3,04% (5/164) em bexiga, 1,82% (3/164) em ovário, 1,82% (3/164) em intestino, 1,21% (2/164) em tireoide, 1,21% (2/164) em adrenal e 0,60% (1/164) em pâncreas e 0,60% (1/164) em próstata. A predominância de casos de tumores de mama é confirmada pela literatura (5), que também corrobora sobre a menor incidência de neoplasias intestinal e pancreática (6). Dos animais examinados radiograficamente, 45,02% (353/784) sofreram radiografia torácica, sendo 33,71% (119/353) para pesquisa de metástase (Figura 4), como também revelado por outros autores como os que estudaram a incidência de metástases pulmonares em cadelas com tumores de mama (7). No Setor de imaginologia, compreendendo ultrassonografia e radiologia, 228 animais tinham suspeita de neoplasia, sendo que destes 70,17% (160/228) foram confirmados por diagnóstico por imagem, e 32,50% (52/160) tiveram a suspeita clínica confirmada através de exames de citologia 15% (24/160) e histopatologia 16,87% (27/160), no entanto 77,19% (176/228) não tiveram confirmação da suspeita por meio de citologia e ou histopatologia. Estes dados demonstram a necessidade de conscientizar o proprietário para a importância da confirmação do tipo da neoplasia para a definição mais adequada do tratamento e do prognóstico do animal (6). CONCLUSÃO Os exames radiográficos e ultrassonográficos são ferramentas de diagnóstico por imagem que estão bem difundidos na Medicina Veterinária e têm grande importância para avaliação de pacientes com suspeita oncológica. Vale ressaltar que, embora o diagnóstico por imagem tenha função de detectar precocemente massas torácicas e abdominais, deve ser sempre correlacionado com a suspeita clínica do paciente e com os exames laboratoriais, sobretudo com a análise cito e ou histopatológica para definição da classificação do tipo da neoplasia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3.

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Figura 1: Imagem ultrassonográfica de massa circular, hipoecóica, homogênea e de localização esplênica. Após análise citopatológica foi confirmado o diagnóstico de linfoma.

Figura 2: Imagem ultrassonográfica de massa mista de localização hepática, com diagnóstico citopatológico de metástase de Tumor venéreo transmissível.

Figura 3: Imagem radiográfica de membro direito de cão com diagnóstico de citologia de Carcinoma Epidermóide bem diferenciado em falanges média e distal deste animal.

Figura 4: Análise radiográfica de tórax de cão com a presença de nódulos radiopacos, caracterizando a presença de metástase pulmonar.

7. AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA E ULTRASSONOGRÁFICA DE COLITE CAUSADA POR PYTHIUM INSIDIOSUM EM CÃO ERIKA RONDON LOPES1; MAHYUMI FUJIMORI1; MAIZE DAIANE SANTANA SANTOS4; DAPHINE ARIADNE JESUS DE PAULA3; ROBERTO LOPES DE SOUZA2; FLÁVIO HENRIQUE BRAVIM CALDEIRA3; VALERIA REGIA FRANCO SOUSA2; PEDRO EDUARDO BRANDINI NÉSPOLI2 1

Pós-graduando do curso de residência médica veterinária da UFMT, e-mail: [email protected]; Professor (a) adjuntodo curso de medicina veterinária, UFMT – Cuiabá – MT, 3 Doutor (a) em Ciências Veterinárias, UFMT, Brasil, 4 Graduanda do curso de medicina veterinária da UFMT. 2

ABSTRACT LOPES, E.R.1; FUJIMORI, M.1; SANTOS, M.D.S.4; PAULA, D. A.J.3; de SOUZA, R.L.2; CALDEIRA, F.H.B.3; SOUZA, V.R.F.2; NÉSPOLI, P.B2. RADIOGRAPHIC AND Ultrasonographic Evaluation of Colitis Due to the Dog in Pythium Insidiosum. We describe the Radiography and ultrasonographic a dog Veterinary Hospital at the Federal University of Mato Grosso, colitis caused by Pythium insidiosum. The young animal showed progressive weight loss and chronic hematochezia. Radiographic examination revealed decreased contrast emptying time of the large intestine associated with distortion and marked reduction in distensibility of large areas of the transverse colon and descending. In the ultrasound scans were marked thickening of the walls of the large intestine, particularly in the mucosal layer with loss of normal and reduced stratification of the intestinal lumen. After surgical resection the bowel segment colitis was diagnosed by histopathology and Pyogranulomatous the fungus Pythium insidiosum identified as a causative agent for examination by immunohistochemistry and "Polymerase Chain Reaction" (PCR). Anais do 3º Simpósio Internacional de Diagnóstico por Imagem – SINDIV 2013

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KEYWORDS: Ultrasonography, radiography; pythiosis INTRODUÇÃO A pitiose é uma enfermidade caracterizada por formação de granulomas, que ocorre com maior freqüência nos equinos e em menor escala nos caninos (1). Ela é causada pelo Pythium insidiosum, um pseudo-fungozoospórico, do Reino Stramenopila, filo Oomycota, família Pythiaceae (2) encontrado principalmente em áreas alagadas de regiões de climas tropical (3,4). A infecção pelo oomiceto P. insidiosum é associada ao contato dos animais com águas contaminadas, onde ocorre a liberação de zoósporos móveis biflagelados (3). Os zoósporos livres na água apresentam quimiotaxia por pelos e são capazes de penetrar em soluções de continuidade da pele ou através das mucosas intactas (5). Em cães, a forma mais comum é a gastrintestinal e os sinais clínicos incluem vômito, diarréia, perda de peso e presença de massa palpável no abdômen (6). O achado macroscópico mais frequente é o espessamento do intestino delgado, com ou sem estenose (7), ou a presença de massas no intestino e linfonodos mesentéricos (8). Porém, o envolvimento do estômago também tem sido descrito (9). As descrições radiográficas e ultrassonográficas da doença são escassas, mas incluem espessamento segmentar do trato gastrintestinal e presença de massas abdominais ou linfadenopatias mesentéricas (10). O objetivo deste trabalho é descrever os aspectos ultrassonográficos e radiográficos de pitiose gastrointestinal em um canino. METODOLOGIA Um canino macho de 16 meses de idade, atendido no setor de Diagnóstico por Imagem do Hospital Veterinário da Universidade Federal do Mato Grosso, sem raça definida, encontrado na rua, apresentava emagrecimento progressivo e hematoquezia. O animal foi submetido á ultrassonografia transabdominal com aparelho Mylab Five equipado com transdutor microconvexo de 5 a 8 MHz. Em seguida, foram realizadas radiografias simples e contrastadas para avaliação do trânsito gastrointestinal, através da administração do meio de contraste de sulfato de bário na dose de 5 ml/ kg. Posteriormente foi realizada celiotomia mediana, seguida de enterectomia e ressecção de 4 cm de segmento do intestino grosso e dois linfonodos mesentéricos. Os materiais coletados foram fixados em formol 10%, sofreram secções histológicas e foram corados rotineiramente com hematoxilina-eosina. Adicionalmente realizou-se a técnica de metenamina nitrato de prata de Grocott para visualização de hifas e técnicas de Imunohistoquímica com anticorpo anti- Pythium insidiosum e PCR para confirmação do diagnóstico etiológico. RESULTADOS E DISCUSSÃO O exame radiográfico simples revelou abdome contraído e perda parcial da visibilização das silhuetas dos órgãos abdominais. No exame contrastado detectou-se esvaziamento gástrico após 45 minutos de administração do meio de contraste e trânsito, distensibilidade, contornos e contratilidades normais do intestino delgado. No intestino grosso a velocidade do trânsito estava reduzida. O cólon transverso e o terço cranial do cólon descendente, apresentaram distorção evidente, irregularidades da mucosa e acentuada redução do lúmen. Demais porções caudais apresentaram distensibilidade variável, formato levemente contraído e superfície da mucosa irregular. Na avaliação ultrassonográfica o intestino grosso apresentava paredes espessadas e irregulares, sobretudo da camada mucosa, com perda da estratificação normal, aspecto predominantemente hipoecóico, levemente heterogêneo, com diminuição do lúmen intestinal. No exame macroscópico observou-se estreitamento moderado luminal em praticamente toda a extensão do fragmento. Havia marcado espessamento mural, principalmente da mucosa e submucosa, com uma forte demarcação das camadas musculares. A área espessada estava irregular, com coloração brancoamarelada, moteada com áreas acastanhadas e na superfície luminal a área difusamente amarelada sugestivos de necrose da mucosa . Os linfonodos aparentemente não apresentavam alterações macroscópicas. O exame histopatológico demonstrou presença de necrose e desaparecimento da mucosa, restando pequenas áreas multifocais irregularmente preservadas. Havia um acentuado espessamento da submucosa associado com infiltrado neutrofílico intenso e mononuclear moderado que frequentemente circunda áreas com material eosinofílico irregular, conhecido como fenômeno de Splendore- Hoeppli, mesclada a está reação havia imagens negativas similares a hifas de fungos. Próximo a essas áreas havia células epitelióides e células gigantes multinucleadas, frequentemente com os núcleos periféricos. Observou-se também proliferação difusa de fibroblastos e neovascularização. Ocasionalmente a reação inflamatória era circundada por uma cápsula conjuntiva, ora havia coalescência destas áreas, sem limite capsular. Infiltrado predominantemente neutrofílico, multifocal, leve foi observado na camada muscular que ocasionalmete estendem para a camada serosa. Na coloração com impregnação por prata, nas áreas de

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inflamação difusamente se notam hifas irregularmente septadas. Essas estruturas foram encontradas predominantemente onde havia reação Splendore- Hoeppli. Os exames dos linfonodos mostratam hiperplasia e infiltrado polimorfonuclear leves. Na análise Imunohistoquímica com anticorpo anti- Pythium insidiosum mostraram forte marcação das estruturas similares a hifas. O diagnóstico morfológico ficou caracterizado como um quadro de colite piogranulomatosa, acentuada, difusa, crônica em células gigantes de Langhans associadas aos oomicetos Pythium insidiosum. Como exame complementar foi realizado o PCR e confirmado o diagnóstico. Os achados radiográficos e ultrassonográficos encontrados foram similares às descritas por (10). As neoplasias intestinais devem ser diferenciadas de lesões inflamatórias crônicas, uma vez que os sinais clínicos encontrados são os mesmos (11). Utiliza-se parâmetros ultrassonográficos e radiográficos para avaliação de espessura parietal intestinal, extensão da lesão, avaliação de motilidade intestinal, integridade das camadas e se há envolvimento de linfonodos regionais para auxiliar na diferenciação entre essas enfermidades (12). Na histopatologia da lesão gastrointestinal, verificou-se alterações similares às descritas por (13) e (6). Alguns autores ressaltam que os encontros histológicos de pitiose em cães podem ser confundidos com infecções por outros oomicetos como Lagenidium spp e fungos zigomicetos da ordem Entomophtorales (10). Desta forma, torna-se necessário a adoção de métodos de diagnóstico como cultura, sorologia (ELISA ou immunoblot), aplicação de DNA por PCR e imuno-histoquímica. Neste estudo, optou-se pela utilização da técnica de Imuno- histoquímica e PCR para a confirmação do diagnóstico, uma vez que se constituem uma metodologia segura para o diagnóstico da pitiose em animais. CONCLUSÃO A ocorrência de lesões gastrointestinais causadas por Pythium insidiosum em cães não são incomuns no Estado de Mato Grosso e os exames de ultrassonografia e de radiologia podem ser úteis para diferenciálas de outras condições inflamatórias ou neoplásicas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Mendoza, L.; Ajello, L.; McGinnis, MR. Infections caused by the oomycetouspathogen Pythium insidiosum. J MycolMed, 1996, 6: 151-164. 2. Leal, ABM. et al.; Pitiose eqüina no Pantanal brasileiro: aspectos clínico-patológicos de casos típicos e atípicos. Pesquisa Veterinária Brasileira, 2001, 21: 151-156. 3. Miller, RI.; Campbell, RSF. Clinical observations on equine phycomycosis. Australian Veterinary Journal, 1982, 58: 221-226. 4. Chaffin, MK.; Schumacher, J.; McMullan, WC. Cutaneous pythiosis in the horse.VetClin North Am: Equine Pract, 1995, 11:91-103. 5. Santurio, JM.; Alves, SH.; Pereira, DB. et al. Pitiose: uma micose emergente. Acta Scient. Vet, 2006, 34: 1-14. 6. Rech, RR.; Graça, DL.; Barros, CLS. Pitiose em um cão: Relato de caso e diagnóstico diferenciais [Pythiosis in a dog: case reportand diferential diagnosis. Clínica Veterinária, 2004, 50: 68-72. 7. Mendoza, L. et al.; Intestinal canine pythiosis in Venezuela confirmed by serological and sequencing analysis. Mycopathologia, 2005, 159: 219-222. 8. Liljebjelke, KA. et al.; Duodenal obstruction caused by infection with Pythium insidiosum in a 12-week-old puppy. Journal of American Veterinary Medical Association, 2002, 220: 1188-1191. 9. Fischer, JR. et al.; Gastrointestinal pythiosis in Missouri dogs: eleven cases. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, 1994, 6: 380-382. 10. Grooters, AM.; Pythiosis, lagenidiosis, and zygomicosis in small animals.TheVeterinary Clinics Small Animal Practice, 2003, 33: 695-720. 11. Penninck, DG.; Nyland, TG.; Fisher,PE. Ultrasonography of the normal canine gastrointestinal tract. Veterinary Radiology & Ultrasound, 1989, 6: 272-276. 12. . Lamb, CR. Recent developments in diagnostic imaging of gastrointestinal tract of the dog and cat. The veterinary clinics of North America: Small Animal Practice, 1999, 2: 307-342. 13. Dykstra, MJ.; Sharp, NJH.; Olivry, T et al. A description of cutaneoussubcutaneouspythiosis in fifteen dogs. Medical Mycology, 1999, 37: 427-433.

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8. AVALIAÇÃO DA OBESIDADE EM CÃES: CORRELAÇÃO ENTRE MENSURAÇÕES ULTRAS-SONOGRÁFICAS DE GORDURA CORPÓREA E O ESCORE VISUAL DE CONDIÇÃO CORPORAL JAQUELINE DE OLIVEIRA SENA1,3; GABRIELA ABDALLA GOMIDE1; DANIELA DE MORAES OLIVEIRA1 ; RENATO CESAR SACCHETTO TÔRRES2; STEFANO CARLO FILIPPO HAGEN1 1.Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. 2.Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais. 3. Residente de Diagnóstico por Imagem em Animais de Companhia na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.

ABSTRACT: SENA, J. O.; GOMIDE, G. A.; OLIVEIRA, D. M.; TÔRRES, R. C. S.; HAGEN, S. C. F. Assessment of Obesity in Dogs: Correlation between Ultrasound Measures of Body Fat and Body Condition Score. Obesity is a common nutritional disorder in dogs, being harmful to health and wellness by providing the occurrence of many diseases. Ultrasound is a tool with great potential, able to assist in the diagnosis and especially in monitoring obese patients. Fifty dogs of various sizes, with ages between 0.5 and 15 years and with different body conditions were evaluated for fat thickness of axillary and lumbar visceral fat and intramuscular fat and its correlation with body condition score. With respect to subcutaneous fat and visceral, it was found that there is moderate to strong positive correlation in animals of small and medium size (0.7
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